RESISTÊNCIAS BACTERIANAS

β-lactamases
As enzimas β-lactamases podem apresentar diferentes estruturas químicas e, consequentemente, diferentes espectros de atividade. Existem enzimas que neutralizam apenas alguns tipos de β-lactâmicos, enquanto outras são capazes de vencer praticamente todos os antibióticos do grupo. A maneira mais tradicional de classificar as β-lactamases é de acordo com as sequências de aminoácidos das moléculas que as compõem. Essa é a chamada classificação de Ambler, que divide as β-lactamases em 4 grupos: A, B, C e D.
As β-lactamases da classe A de Ambler têm sua estrutura baseada em serina, assim como as das classes C e D. A maior parte dos genes que codificam essas enzimas são localizados em plasmídeos, o que significa que podem ser transferidos de uma bactéria para a outra, mas existem algumas exceções em que são localizados no próprio cromossomo bacteriano.
Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) é uma enzima produzida por bactérias Gram-negativas (enterobactérias), e sua detecção em isolado bacteriano confere resistência aos antimicrobianos carbapenêmicos, além de inativar penicilinas, cefalosporinas e monobactâmicos.
As β-lactamases da classe B de Ambler, diferente das demais classes, tem sua estrutura baseada em metal, sendo denominadas metalo-β-lactamases (MBL). Normalmente, dependem de moléculas de Zinco para exercer sua atividade hidrolítica sobre os anéis β-lactâmicos. Os genes que codificam essas enzimas podem ser localizados em plasmídeos, integrons ou no próprio cromossomo bacteriano.
A NDM-1 é um tipo de enzima identificada em 2009 pelo professor Timothy Walsh, da Universidade de Cardiff, nas bactérias Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli. Trata-se de uma enzima que torna as bactérias resistentes a uma variedade de antibióticos betalactâmicos.
As enzimas carbapenemases, entre as quais a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) e a New Delhi Metallo-β-lactamase (NDM), inativam os carbapenêmicos além de outros β-lactâmicos, inclusive ceftazidima-avibactam e ceftolozana-tazobactam, no caso das metalo-beta-lactamases tipo NDM.
As β-lactamases de classe D têm estrutura baseada em Serina e podem ser codificadas por genes localizados em plasmídeos ou no cromossomo bacteriano. São tradicionalmente conhecidas como Oxacilinases (OXA), pois as primeiras descritas chamavam a atenção pela sua capacidade de hidrolisar a oxacilina. Elas não são inibidas pelos inibidores da β-lactamase tradicionais. A família das enzimas de classe D é bem extensa e o espectro de inibição pode ser extremamente variável, existindo as que inibem a oxacilina e outras enzimas capazes de conferir resistência a todas as Penicilinas e quase todas as Cefalosporinas, chamadas ESBL tipo OXA (OXA-type ESBLs) e até a Carbapenêmicos, as Carbapenemases tipo OXA(OXA-type Carbapenemases).As enzimas de classe D com atividade de carbapenemase são muitas vezes referidas como CHDL (Carbapenem-Hydrolysing Class D β-lactamases).A principal espécie bacteriana envolvida com a produção dessas enzimas é Acinetobacter baumannii, mas algumas enterobactérias também podem produzir. As enzimas desse grupo mais isoladas são OXA-23 e OXA-58, produzidas, normalmente, por A. baumannii e OXA-48, produzida por Klebsiella pneumoniae.
Resistência à vancomicina
Associada a alterações na parede celular (modificação dos precursores de parede bacteriana impedindo a ligação da droga em seu sítio de ação), pode ser mediada por plasmídio ou cromossomo. O VRE (Enterococcus Resistente à Vancomicina) foi reconhecido em 1988 e é responsável por mais de 20% das infecções enterocócicas nos EUA. No Brasil, foi descrito pela primeira vez em 1996, em Curitiba. Estudos recentes já mostram mais de 15% de resistência à vancomicina em alguns hospitais brasileiros. A emergência dessa resistência pode estar relacionada ao aumento do uso de vancomicina, nos últimos 20 anos, decorrente da terapêutica das infecções por MRSA. Os três fenótipos de resistência encontrados são mediados pelos genes VanA, VanB,VanC e os menos freqüentes, VanD e VanE.